segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cansado.

O último beijo deixou o gosto doce do veneno que, tão lentamente, nos matou sem percebermos.
O último abraço impregnou o odor da indiferença, que se instaurou e nos consumiu sem notarmos.
O último toque revelou a frieza e o descaso que nos condenou.
E agora? A vida tem que prossseguir. Sem rumo, sem direção e sem chão.
O prazo de validade venceu e a ficha não caiu. Os meses perderam sua importância.
A luta não foi o bastante e nos libertamos de nossas promessas.
Não há ponto de partida e nem linha de chegada, só uma maratona sem sentido.
Não dá mais para fingir, alcançamos o limite e o mundo, que tanto torceu contra nós, é nossa maior testemunha.
Os dados rolam a seu favor nesse jogo onde apostei tudo sem saber as regras.
Sua busca pela individualidade absoluta marcou o nosso fim. A saudade é nossa punição.
O que foi e não é mais, o que poderia ser já não será. Os sacrifícios e a dor serão ecos no vazio de nossa existência.
Nada mais a ser dito. Nossas palavras gastas se repetiram.
As lágrimas estão secando, as mãos parando de tremer, a cabeça volta ao seu lugar, mas o nó na garganta não vai sumir.
Nossa razão há de ser o nosso guia. Nossa genialidade, o nosso fardo.
E o fato de que nada está tão seguro que não possa desabar, nossa única certeza.

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